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quinta-feira, 14 de abril de 2011

O livro do Caminho - 24º Capítulo: Tolerância e Paciência – O Âmago da Prática Espiritual

De todas as características nobres que um devoto deve possuir, nenhuma é mais vital do que a paciência. Ao possuir paciência, você brilha com uma serena qualidade bondosa que permanece inalterada sob quaisquer circunstâncias. Quando você possui paciência, não importando como os outros o tratem – sejam eles cuidadosos e amigáveis, ou hostis, ou indiferentes – você sentirá somente amor por essas pessoas.

Encarnações do Amor,

A paciência é o âmago de toda a prática espiritual. Trata-se de uma qualidade que todos os aspirantes espirituais devem conquistar durante a vida. A paciência é o próprio esplendor, a penitência, o sacrifício e a retidão do verdadeiro sábio, dos grandes mestres e das grandes almas. A paciência é a sabedoria e o amor incomensurável destes seres. A paciência é a essência da não-violência, da compaixão e da profunda felicidade deles. A paciência é a característica de todos os grandes seres. Na verdade, a paciência é tudo. Sem paciência, não é possível perceber a verdade do atma para manifestar a eterna e sempre luminosa presença divina que, sem diminuir, brilha em você.

Realize o Atma Através de Sua Experiência Direta

Enquanto julgar que seu corpo é real e a sua divindade, irreal; você não compreenderá o princípio do atma. Enquanto se identificar com seu corpo e não com a sua verdade essencial, seu ser real, você não será capaz de obter a experiência direta de sua divindade interna. O atma foi descrito de muitas formas, mas você pode compreendê-lo apenas através da sua experiência direta.

Alguém pode lhe descrever a deliciosa doçura do néctar da manga em elaborados detalhes e com grande entusiasmo; mas, a menos que prove o néctar e o experimente diretamente, você não poderá apreciar a doçura única desta fruta. Quando o néctar está em sua língua e você se deleita com o sabor deste, então você compreende o que significa essa doçura. Do mesmo modo, a menos que você busque a experiência direta do Senhor, a menos que você se engaje em práticas espirituais e desenvolva as qualidades nobres que são queridas ao Senhor, você jamais poderá saborear a doçura divina que surge do atma.

Qual é o caminho para a imortalidade? É a remoção da imoralidade. Swami tem dito isto freqüentemente. Somente ao remover a imoralidade de seu interior, você será capaz de obter a imortalidade. Quando remover as fraquezas tais como o ciúme, o ódio, a raiva, o orgulho e todos os outros males que têm obscurecido a sua verdade; então você será capaz de desfrutar a força da invariável presença da divindade dentro de você. Somente ao encarnar uma ou duas das 26 virtudes que foram mencionadas na Gita, ao compreender o profundo significado destas virtudes, praticá-las e torná-las parte de sua vida diária; então, será possível você perceber a natureza imortal do atma. Dentre as muitas qualidades virtuosas que um devoto pode desenvolver, a paciência está no âmago de todas.

Você Obtém Paciência Por Meio de Circunstâncias Difíceis

A paciência não pode ser aprendida em livros. Nem mesmo pode ser adquirida pelos ensinamentos de um guru. Não é algo que se possa comprar num bazar. Somente aderindo fielmente a sua prática espiritual, estando sob circunstâncias tentadoras, você poderá adquirir a paciência. Somente quando você está sob teste, em situações cheias de problemas e dificuldades, o cultivo da paciência ocorre. Nessas circunstâncias de teste, as fraquezas que estão escondidas dentro de você mostrarão suas horrendas faces. Estas fraquezas irão se manifestar em você como raiva, medo, arrogância, ódio e muitos outros males que encobrem a sua verdade essencial. Nessas horas, você deve reconhecer estas fraquezas e ficar acima delas. Qualquer ação que você deva executar, essa é a mais apropriada à situação. Seu estado interno não deve ser afetado nem se arraigar na paz e no amor que oscilam. Esta é a prática da paciência.

Caso não tenha desenvolvido a paciência, então você sofrerá muita infelicidade e falta de paz em sua vida. Sem paciência, você pode tomar caminhos nocivos e perversos. Assim, é essencial que você reconheça a importância da paciência. Toda a educação, força e renome que você possa ter adquirido serão inúteis se você não possuir paciência. Houve várias pessoas excelentes que adquiriram grandes poderes através de penitência, mas elas eram incapazes de apreciar os frutos de sua penitência por lhes faltar paciência. A falta de paciência fez grandes eruditos perderem seu prestígio. A falta de paciência é a razão mais freqüente da perda de reinos por parte dos reis que os governam. A paciência é a jóia brilhante que adorna o ser humano. Se esta importante qualidade for perdida, você sofrerá incontáveis problemas e pesares. Portanto, desenvolva a paciência. Esta virtude é essencial para o seu progresso espiritual. Sem esta qualidade, você irá se arruinar.

Cultive a paciência através da árdua prática de se colocar em teste nas circunstâncias muito difíceis. A paciência é a sua proteção vital. Ao estar munido de paciência, você não será incomodado pela tristeza, por dificuldades, problemas ou situações inesperadas. Não há nada de extraordinário em retornar o bem pelo bem, mas fazer o bem em retorno ao mal é uma qualidade extraordinária. O que significa fazer o bem todo o tempo, não importando se a ação que lhe é dirigida é certa ou errada? Quando você está estabelecido em sua verdade essencial, quando você está em contato com sua realidade, você não pode fazer nada além de dar a resposta adequada sob quaisquer circunstâncias; e esta resposta virá do infinito reservatório de bondade e amor que é a sua natureza imutável. A prática de tal virtude requer muita habilidade e coragem, e um sincero comprometimento com a verdade essencial da única divindade presente em todos os corações.

Não importando o quanto as outras pessoas possam criticá-lo, não importando o quanto elas possam enfraquecê-lo e condená-lo, você nunca deve perder a paciência; você deve permanecer imperturbável e continuar a desfrutar a paz interna. Quando outros o censurarem, o que você perderá ­ você que, em sua essência, é imortal? Como essas pessoas podem ter a possibilidade de prejudicá-lo? Quando você possui paciência e está estabelecido em sua natureza divina, como alguém pode diminui-lo? Como alguém pode afetar a sua verdade essencial que é invariável em quaisquer circunstâncias? Mas, se perder a paciência e esquecer sua verdade devido à fraqueza, então você está sujeito a um sofrimento sem fim e será privado de tudo.

A Árvore, o Rio e a Vaca

Há três importantes expressões da natureza que são muito úteis ao homem. Estas são a árvore, o rio e a vaca. Sem árvores, rios e vacas, a humanidade não seria capaz de funcionar muito bem. Qualquer que seja a violência feita contra uma árvore, seja qual for a quantidade de problema que lhe seja dada ao cortar os seus galhos e pegar parte de sua madeira; a árvore continua a dar proteção contra a chuva e contra o sol a qualquer pessoa que se abrigar sob ela; além disso, ela tentará continuar dando alegria a essa pessoa. As árvores têm feito o bem às pessoas dando frutas, flores e combustível; mesmo que em retorno a pessoa possa ter-lhe causado dano.

No caso dos rios, não importando o quanto eles sejam poluídos pelas pessoas, não importando de que maneira as pessoas usem e abusem sem mostrar gratidão alguma a eles; ainda assim, eles continuarão a servir a humanidade trazendo as frescas águas da límpida região montanhosa. E mesmo servindo a todos, a concentração deles está em alcançar o oceano que é a morada e o objetivo. As águas dos rios dão vida à humanidade. Utilize você as águas prístinas para bom ou mau uso, os rios não se importam. Eles continuarão a servir enquanto retornam ao lar, à sua origem básica.

Em seguida, há as vacas. Elas negam leite a suas próprias crias a fim de fornecer leite à humanidade. Elas dão livremente este alimento tão bom e nutritivo ao homem. Quaisquer problemas que você possa dar a uma vaca, ela sempre irá dar a você leite doce, não amargo. Assim, as vacas também têm feito somente o bem à humanidade; ao passo que a humanidade pode estar dando todos os tipos de problemas às vacas. Os homens podem batê-las ou encarcerá-las, podem negar alimento ou maltratá-las; mas as vacas mantêm sua disposição interna calma e continuam a servir sob quaisquer circunstâncias. A árvore, o rio e a vaca: estes três são bons exemplos desta excelente qualidade da paciência.

Há Momentos em que Você Deve Impedir a Paciência

Contudo, às vezes, os sinais exteriores da paciência devem ser ajustados para fornecer a resposta adequada a uma determinada situação. Embora deva ter a paciência profundamente arraigada em seu coração todo o tempo, você não deve demonstrá-la em todas as circunstâncias que surgem no mundo. Ao praticar a paciência, você deve examinar cuidadosamente as circunstâncias que demandam e empregam discernimento. Na história indiana, é bem sabido que um odioso invasor ameaçou o reino do norte e deu muitos problemas ao bom rei. Este impiedoso assaltante invadiu o país 17 vezes. Sempre que chegava, ele causava destruição generalizada no país e levava grande quantidade de riqueza. Ele colocou uma população inteira em inúmeras dificuldades e proporcionou grandes perdas. Apesar disto, quando o rei capturava seu inimigo, ele o desculpava e o permitia retornar a seu país de origem.

O bom rei, a quem faltava o adequado discernimento, perdoava seu cruel inimigo por causa do coração generoso que possuía. Sempre que o rei vencia o inimigo e o bandido derrotado pedia perdão e proteção, o bom rei o desculpava e o mandava de volta para casa sem infligir qualquer punição. Mas o invasor sem coração não demonstrava gratidão alguma. Ele absolutamente não se arrependia, tratava-se de uma pessoa perversa que alimentava seu ódio contra o rei e sua ganância para conquistar o reino. No momento em que o invasor era libertado e mandado de volta a seu próprio país, ele tornava a invadir novamente. Finalmente, por meio de uma fraude, ele conseguiu prender o bom rei. Sem misericórdia, ele arrancou fora os olhos do rei. Você não deve demonstrar paciência a pessoas ingratas como essa, que são vingativas como serpentes. Você precisa de usar o discernimento e responder apropriadamente.

Quando Usar a Paciência e Quando Esta É Imprópria

No grande épico Mahabharata, que narra a Guerra da Retidão entre os irmãos Pandava e seus primos perversos, é descrito um incidente no qual Arjuna arrastou o assassino de todas as crianças de Draupadi até ela, que era a esposa dos cinco irmãos Pandava. Os Pandavas tinham acabado de ganhar a guerra quando a ação horrenda foi cometida. Apesar de Draupadi estar cheia de pesar, ela mostrou a Arjuna as circunstâncias em que uma pessoa má deve ser perdoada. Draupadi disse a Arjuna que não era apropriado executar uma pessoa que se encontrava subjugada pelo medo; ou uma pessoa que estava humilde e penitentemente implorando misericórdia; ou uma pessoa que havia perdido sua sanidade e se tornado louca; ou uma pessoa que tenha agido durante inconsolável tristeza; ou mulher e criança, em geral, mesmo que mereçam tal punição. Em tais casos, é apropriado demonstrar paciência e tratá-los misericordiosamente.

No entanto, para pessoas que são repetidamente ingratas e maliciosas, que não se arrependem e são indignas de confiança, não é adequado demonstrar paciência. Você deve lidar com essas pessoas de maneira firme, de acordo com as circunstâncias. Contudo, lembre-se de que todas estas ações se relacionam somente a sua vida externa no mundo. Em seu coração, você nunca deve perder seu tranqüilo estado interno de paciência. Para a sua vida espiritual, a paciência é uma qualidade essencial para alcançar o estado divino; você deve praticá-la assiduamente.

No caso de Jesus, você também pode perceber a qualidade da paciência altamente desenvolvida nele. Havia 12 discípulos vivendo e viajando com ele. Jesus ofereceu-lhes todo o amor e compaixão, toda proteção e abrigo. Mas um deles, Judas, era tentado pelo dinheiro e se tornou um traidor de seu mestre. Apesar da infidelidade de Judas, Jesus permaneceu tranqüilo e continuou a estender seu amor a Judas. Não há qualquer necessidade de você orar a Deus para que tais pessoas sejam punidas. Assim era o caso de Judas, seus próprios atos iriam levá-lo à ruína. Quaisquer ações más que uma pessoa cometa, os frutos dessas ações deverão ser suportados apenas por ela. Ninguém pode escapar dos frutos de suas próprias ações. Você pode não ser capaz de prever quando e sob quais circunstâncias a pessoa sofrerá as conseqüências, mas é certo que o sofrimento virá em algum momento.

Em ambos os grandes épicos indianos, o Ramayana e o Mahabharata, estão descritos vários exemplos que mostram como as pessoas sofreram, no final, quando elas não exerceram a paciência. Considere o grande sofrimento por que os cinco irmãos Pandava passaram tendo que ir à floresta e viver de raízes e folhas por causa da ação precipitada do irmão o mais velho, Dharmaraja, ao aceitar um desafio para jogar um jogo de dados. Dharmaraja, como rei, sentiu que seu correto dever era responder ao desafio e, embora soubesse que o jogo estava fraudado contra ele, tão ansioso que estava para defender a sua honra, ele ignorou as instruções dadas por Krishna e o conselho dado por seus irmãos. Com a determinação de ser honesto a seus princípios, ele se precipitou na jogatina e teve que sofrer as conseqüências. Como resultado, ele e os irmãos perderam o reino e foram banidos para a floresta por quatorze anos sofrendo privações e dificuldades inenarráveis. Todas estas conseqüências ocorreram somente por causa da pressa e falta de paciência de Dharmaraja.

Você descobre que até mesmo uma grande alma como Rama, às vezes, não tinha paciência suficiente. No fim do Ramayana, há o incidente em que Rama, depois de ouvir as críticas e comentários de um serviçal sem valor, decidiu imediatamente banir Sita do reino. Mais tarde, ele sofreu as grandes dores da separação. Mas Rama era o avatar de sua era, a encarnação de todos os princípios divinos. No caso da divindade, haverá sempre um significado e um propósito mais profundo para as ações do avatar. Ainda assim, ao tentar compreender as ações de Rama num sentido mundano; você pode perceber que, por perder a paciência, Rama baniu Sita e teve que sofrer depois. Obviamente, quando as pessoas que fazem somente o bem e vivem apenas para o bem-estar coletivo experimentam inúmeros problemas, elas sofrerão seus problemas com benevolência. Desta forma, elas agem como um exemplo e ensinam o valor da paciência e tolerância ao sofrer apuros no mundo.

A Pressa e o Atraso Excessivos São Dois Extremos a Serem Evitados

As qualidades da paciência e tolerância devem ser usadas com grande discernimento dependendo das condições e das circunstâncias. Há circunstâncias em que você possui uma justificativa para agir rapidamente. Você deve sempre pensar adiante e estar ciente das conseqüências daquilo que faz. Sob determinadas circunstâncias, exercer a paciência irrestrita pode levar a grandes problemas mais tarde. Na maioria das situações, a pressa cria problemas. Contudo, se você for demasiadamente lento, isso também pode criar problemas. Diz-se que o atraso excessivo pode transformar néctar em veneno.

A lentidão e a pressa são dois extremos. Por um lado, se você for demasiadamente apressado, suas ações podem ser fatais; mas, se você atrasar demais, elas também podem ser nocivas. Assim, você deve usar seu poder de discriminação e exercer a paciência no grau adequado às circunstâncias. Se primeiros socorros tiverem que ser dados imediatamente, ou se você estiver atendendo a uma pessoa que esteja muito doente e que pode perder a vida em poucos minutos se o remédio não for dado; então, você deve agir rapidamente. Em tais situações não deve haver qualquer atraso. O atraso seria prejudicial. Você deve agir com rapidez e fazer o que é adequado.

Há também circunstâncias em que você se defronta com pessoas que são más e que adotam posturas nocivas. Nessa hora, pode ser necessário que você advirta essas pessoas e as corrija ou, por outro lado, lide com a situação. Neste caso, perder aparentemente a paciência pode ser seu melhor recurso. Freqüentemente, tudo que é necessário é apenas mudar o tom de sua voz um pouquinho. Isto não significa que você perdeu a sua qualidade interna da paciência. Mesmo se elevar o tom de sua voz e parecer estar irritado, você ainda pode manter a santidade de seu coração e não perder a sua paz interior.

Aderir à Verdade É o Mesmo que Praticar a Paciência

Seguindo o caminho da verdade, você estará naturalmente praticando a paciência. Em quaisquer circunstâncias, sempre se aferre ao caminho da verdade. No entanto, às vezes, você pode ter que mudar o tom e o volume de sua voz de maneira a lidar adequadamente com uma situação difícil. Há uma história bem conhecida no Mahabharata. Ashvattama, que era o filho do professor dos Pandavas e de seus primos cruéis e também um dos três guerreiros restantes no lado oposto, fez um juramento solene e poderoso na última noite da guerra: ele usaria toda a sua força e poder de penitência acumulado para destruir os irmãos Pandava antes que o Sol surgisse na manhã seguinte.

Krishna, naturalmente, sabia da resolução assassina de Ashvattama e também conhecia a considerável riqueza de poder espiritual dele para levar essa resolução a cabo. Portanto, Krishna, devido a seu profundo amor pelos Pandavas, tomou algumas medidas para protegê-los. Era perto de meia-noite e Ashvattama tinha sido incapaz de encontrar os Pandavas. Krishna sabia que Ashvattama iria ao onisciente sábio Durvasa e perguntaria onde os Pandavas estavam. Agora, um grande sábio como Durvasa jamais mentiria. Ele era bem conhecido por sua raiva, mas a raiva dele era usada somente para proteger a retidão e extinguir os fogos da maldade e perversidade. Mesmo em sua raiva, ele iria aderir à verdade; mas, freqüentemente, ele mudaria o volume e o tom de sua voz conforme declarava essa verdade.

Você Pode Ter Que Levantar Um Pouco o Tom de Sua Voz Para Dizer a Verdade

Nesta noite, em particular, Krishna foi ver Durvasa. Durvasa estava extremamente feliz por receber Krishna. Durvasa disse a Krishna quão imensamente abençoado ele se sentia por ser honrado com a visita do Senhor. Ele perguntou a Krishna: "Swami, por favor, diga-me qual é o propósito de Sua visita?" Krishna respondeu: "Durvasa, Eu preciso de sua ajuda."

No fundo do coração, Durvasa estava enlevado pelo fato de Krishna, que era o protetor e Senhor de todos os mundos, tê-lo abordado para pedir ajuda. Mas, mesmo para isto, há um limite. Durvasa, que era extremamente inteligente e sabia tudo, disse a Krishna: "Swami, eu estou preparado para dar qualquer ajuda de que o Senhor precise, mas eu não estou preparado para mentir." Krishna disse a Durvasa: "Eu sou o morador interno do coração de todos os seres. Eu nasço repetidas vezes a fim de proteger o dharma, para salvaguardar a retidão. Como poderia Eu jamais pedir que você dissesse uma mentira? Dharma significa conduta correta, sua própria base é a verdade. Certamente, Eu jamais pediria que você dissesse uma mentira." Durvasa respondeu: "Neste caso, eu estou pronto para fazer o que quer que o Senhor diga. Qual é o Seu plano, Swami? Eu irei executá-lo."

Krishna pediu que fosse cavado um buraco fundo no qual caberiam cinco pessoas. Em seguida, Krishna disse aos Pandavas para entrarem nesse buraco. Tábuas de madeira foram colocadas sobre o poço para cobri-lo completamente. Um tapete foi posto sobre essas tábuas e a cadeira de Durvasa foi, então, colocada por sobre o tapete. Krishna pediu a Durvasa para se sentar na cadeira. Ele disse a Durvasa: "Ashvattama virá lhe perguntar onde os Pandavas estão. Você deve dizer a verdade. Mas, ao dizer a verdade, você deve apenas mudar o tom de sua voz um pouco." Como previsto por Krishna, Ashvattama veio. Oferecendo suas saudações ao sábio, ele perguntou a Durvasa: "Swami, o senhor sabe tudo em todos os três mundos. Por favor, diga-me onde eu posso encontrar os Pandavas?" Durvasa fez como instruído por Krishna. Ele disse a verdade. Ele disse a Ashvattama: "Os Pandavas, não é? Os Pandavas, não é? Sim, eles estão aqui! Certamente, eles estão aqui! ELES ESTÃO BEM AQUI SOB OS MEUS PÉS!"

Quando Durvasa, fingindo estar muito irritado, disse a Ashvattama que o Pandavas estavam precisamente sob ele; Ashvattama ficou muito assustado. A raiva de Durvasa era bem conhecida e muito temida. Ashvattama pensou que, em vez de matar os Pandavas, ele mesmo poderia ser morto pelo poder da yoga de Durvasa bem ali naquele momento. Repentinamente subjugado pelo medo, ele foi embora. Durvasa tinha dito a verdade. Mantendo sua própria integridade e estatura de um grande sábio, aderindo à verdade, ele seguiu os comandos do Senhor para dar proteção às boas pessoas. Contudo, ele mudou um pouco o impacto levantando o tom de sua voz.

As Qualidades Negativas Devem Ser Desarraigadas e Destruídas

Você deve ter a tolerância e paciência; mas, ao mesmo tempo, você deve saber sob quais circunstâncias e de que maneira usá-las. Como nós mostramos, há as situações em que você deve ajustar sua atitude externa de paciência. Você precisa usar seu discernimento para saber como e quando expressar a qualidade da paciência, a qualidade que deve estar sempre firmemente estabelecida em seu coração.

A tolerância e a paciência são os indicadores de seu estado interno. Estas qualidades são os instrumentos que você utiliza para opor as qualidades negativas que estão em seu interior, os traços nocivos de caráter que bloqueiam a percepção de sua verdade divina. Considere como um teste a habilidade de praticar a paciência em circunstâncias difíceis. Nessas horas, as qualidades negativas escondidas dentro de você irão levantar suas cabeças e tender a se manifestar em ações iníquas ou prejudiciais. Dê boas-vindas a tais situações difíceis como desafios e oportunidades para descobrir e destruir estas qualidades negativas. Você faz isto através de sua tolerância, paciência e contenção; quando, de outro modo, seu impulso seria usar palavras ou realizar ações prejudiciais. Somente depois de obter paciência e tolerância e estabelecê-las firmemente em seu interior, você desenvolverá a paz e a equanimidade internas necessárias à compreensão dos verdadeiros princípios da espiritualidade e da divindade.

Há muitas qualidades negativas que devem ser completamente evitadas por devotos. Em particular, você não deve ter qualquer apego, ódio ou ciúme dentro de você. Se possuir apego, ódio e ciúme, mesmo que só um pouquinho; você não poderá progredir espiritualmente. O apego, o ódio e o ciúme, e a raiva resultante, são os grandes inimigos dos devotos. Estes são opostos à paciência e tolerância. Em seguida, nós estudaremos estas qualidades negativas e aprenderemos como desarraigá-las completamente.

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