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sábado, 15 de janeiro de 2011

O livro do Caminho - 6º Capítulo: As três etapas no caminho espiritual

 

Preencha seu coração com concentrada devoção e Deus revelar-se-á dentro de você. Então, você irá percebê-lo como Ele realmente é. No devido tempo, você irá fundir-se e tornar-se um com Ele.

Encarnações do Amor,

Há três etapas principais que você deve seguir no caminho espiritual a fim de alcançar seu objetivo espiritual. Estas foram descritas de várias formas na Gita. Ao final do 11°capítulo, no qual o Senhor Krishna dá a Arjuna a visão de sua forma cósmica, você encontrará as três etapas apresentadas como se segue:

Primeiro, você deve saber que Deus está aqui.

Em seguida, você deve ter uma visão direta dEle. Finalmente, você deve se fundir com Ele.

Estas três etapas irão conduzi-lo a liberação.

Primeiro Saiba Que Deus Está Aqui, Depois Experimente-O Diretamente

Na primeira etapa, você aprende pelas palavras das escrituras ou de um professor que Deus realmente existe. No entanto, apenas saber esta verdade não irá lhe proporcionar alegria ilimitada. Você descobre que Deus está aqui, mas você também percebe que você e Deus estão separados. Este sentimento de separação pode servir como a base para os passos subseqüentes na jornada; mas, por si mesmo, não proporciona satisfação muito duradoura.

Gradualmente, a angústia da separação de Deus leva você à próxima etapa. O desejo se desenvolve em você para obter a experiência pessoal direta e a visão de Deus. Você sente: "Eu quero vê-Lo, querido Senhor. Como posso experimentá-Lo diretamente?" Mas você percebe que isto não acontece tão facilmente, apenas desejando. Você deve ansiar e anelar profundamente por esta visão, você deve constantemente aspirar vê-Lo. Qualquer que seja a forma ou aspecto de Deus que você veio a amar em sua devoção, você deve agora ansiar por Ele com todo seu coração e desejar vê-Lo diretamente. Se seu anseio for sincero, então, depois de algum tempo, Ele irá se apresentar a você da maneira mais pessoal possível, e dará a você a desejada visão dEle. Aqui está uma pequena história para ilustrar isto.

O Menino Vaqueiro

Havia um pobre menino vaqueiro que tinha muita fé e um intenso anelo por ver Deus. Um dia, na vila onde este menino morava, um pregador veio para proferir alguns discursos espirituais. O pregador reuniria uma audiência e cantaria as glórias e as façanhas do Senhor. Não era possível para este menino vaqueiro deixar seu trabalho e ir a todos os encontros; pois, durante todo o dia, ele tinha que cuidar de suas vacas. Mas, durante as noites, ele levaria os animais a um lugar protegido e iria então ouvir o pregador pronunciar sua palestra. O menino vaqueiro escutaria, com grande seriedade e atenção, tudo que estava sendo dito.

O pregador era um seguidor do Senhor Vishnu; e, assim, ele relatou as feições características de Deus na forma de Vishnu, ou Narayana, como também é chamado. No decorrer do discurso, o pregador descreveu repetidamente a imagem tradicional do Senhor como alguém que tinha a pele escura, que usava uma marca branca em sua testa e que montava uma águia branca. O pregador explicou também que o Senhor Vishnu estava sempre preparado para salvar aqueles que buscavam abrigo nEle e que aceitaria como uma oferenda qualquer coisa que Lhe fosse dada com plena fé e amor.

Conforme o pregador foi descrevendo repetidamente estas características do Senhor, estas fizeram uma impressão indelével no coração daquele menino. O pregador disse também que Deus é um grande amante da música e que Ele poderia ser conquistado dirigindo-Lhe as orações em forma de canção, cantada do coração, com a maior reverência possível.

Bem, este menino vaqueiro costumava carregar algum alimento com ele para o seu almoço ao meio-dia. Diariamente, ele ofereceria este alimento a Deus com toda sinceridade e devoção, orando ao Senhor para compartilhar a refeição. Ele começou suas orações cantando esta canção: "Ó amado Senhor, Tu montas uma águia branca, assim me foi dito. Venha! Por favor, venha e aceite este alimento." O menino foi orando assim ao Senhor por uma semana inteira continuamente. Ele nunca tocou em seu alimento porque não foi compartilhado pelo Senhor. Ao final da semana, ele ficou extremamente fraco.

Angustioso Anseio pela Presença do Senhor

Além de sua condição física enfraquecida, ele também estava sofrendo de extrema angústia porque sentiu que não estava cantando apropriadamente e, conseqüentemente, o Senhor não respondeu. Ele tinha certeza de que era por causa de suas próprias falhas nas canções que o Senhor não veio compartilhar de seu alimento. E, assim, com grande determinação e devoção, ele continuou a praticar seu cântico pensando que, ao final, ele poderia certamente obter a graça do Senhor.

Em condição de fraqueza, ele alcançou a floresta. Ele estava se sentindo extremamente exausto, mas ele estava determinado a não comer a menos que sua oferta fosse aceita pelo Senhor. Agora, sua devotada canção emanava da maneira mais melodiosa e sagrada. O menino continuava cantando e cantando todo tempo, implorando ao Senhor para descer e aceitar o alimento e a bebida que ele estava oferecendo com tanto anelo. Quando havia perfeita harmonia entre sentimento, melodia e conteúdo da canção, o Senhor desceu. Como Ele apareceu diante desse menino vaqueiro? Ele veio como um menino da mesma idade, usando um simples traje ocre de "saddhu", um homem santo mendicante.

O jovem vaqueiro perguntou ao menino que viu em frente a ele: "Por favor, caro amigo, posso saber quem és? Tu és um viajante passando por esta floresta?" O sagrado menino respondeu: "Eu sou o Senhor. Eu sou Narayana. Você orou para Me ver e, dessa forma, Eu vim dar-lhe uma visão minha." Recordando que o Senhor gosta do doce som da música, o menino vaqueiro continuou seu questionamento na forma de uma canção, a mais melodiosa: "Mas tu não correspondes à descrição dada do Senhor, que tem a pele escura, usa uma marca branca na testa e monta uma águia branca. O pregador disse que é assim que podemos reconhecer o Senhor. Mas isso não parece ser verdade. Ó, meu querido, se realmente fores o sagrado Senhor, resolva, por favor, minha dúvida e deixe-me ver-Te em Tua verdadeira forma."

A visão do Senhor

O menino tinha ouvido uma descrição do Senhor; agora, ele queria ver e experimentá-Lo diretamente, exatamente como havia ouvido e veio a acreditar. Mas Deus não possui qualquer nome ou forma específicos; Ele possui mil olhos, mil orelhas, mil mãos e mil pés. Contudo, a fim agradar e satisfazer a Seus devotos que almejam vê-Lo, Ele assume uma forma particular para a qual se tenha orado fervorosamente. Para satisfazer a este menino vaqueiro, o Senhor se revelou assumindo a resplandecente forma de Vishnu e aceitou o alimento e a bebida tão amorosamente oferecidos pelo garoto. Este é o segundo estágio, quando se anseia pela visão do Senhor. Mesmo quando a visão surge, esta ainda não será a verdadeira forma de Deus, mas aquela escolhida pelas orações do devoto. Deus ama sentimentos sinceros vindos do coração; e, conseqüentemente, de acordo com os sentimentos de Seu devoto, dará Sua visão na forma que mais o satisfaz.

Depois que o Senhor se foi, o menino pensou consigo: "Primeiro, eu ouvi uma descrição dEle e, depois, orei por uma visão. Agora, Ele desceu e eu O vi diretamente. Mas, como posso alcançá-Lo e estar sempre com Ele?" Apenas sabendo que Deus existe, um devoto não estará satisfeito. Nem tampouco ele obtém satisfação completa apenas tendo uma visão do Senhor. Tendo tido a visão, ele anseia fundir-se completamente com Ele. Somente então, o devoto estará em bem-aventurança sem fim. No caso deste garoto, o Senhor tinha dado uma visão de Si mesmo e depois desapareceu. Mas, daquele momento em diante, o menino manteve o retrato do Senhor assim como ele O tinha visto, na forma de Vishnu, continuamente gravado em seu coração. Com aquela adorável forma no olho da mente, ele agora começou a inquirir e a pensar somente em como poderia alcançá-Lo e fundir-se com Ele. Este é o terceiro estágio.

Além do Dualismo

Da mesma maneira, tanto escutando pessoas instruídas como lendo e estudando as escrituras, você pode ter alguma idéia de como Deus é. Mas, no final, você não ficará satisfeito e feliz apenas com isto. Este ainda é apenas um estágio do dualismo; pois, neste estágio, você e Deus permanecem separados. Assim, você fará uma tentativa de ir à etapa seguinte, além do estágio do dualismo, que é o não-dualismo qualificado. Este se refere à profunda aspiração de ver e experimentar Deus diretamente. Como você pode obter uma visão dEle? Retratando em seu próprio coração a forma de Deus que você ouviu ser descrita e, então, pensar e contemplar continuamente essa forma. O que quer que você faça, diga, veja e escute; você deve se tornar um com essa forma sagrada.

A forma específica de Deus que você imaginou se transforma em uma "forma-pensamento" em sua mente. A "forma-pensamento" deve então se tornar saturada com o sentimento de devoção de modo que se transforme em uma "forma-sentimento" em seu coração. Gradualmente... gradualmente..., estes sentimentos irão se aprofundando e se fortificando, até que um dia você terá uma visão real do Senhor. Assim, primeiro ouve-se e pensa-se sobre o Senhor; em seguida, Ele é buscado com os sentimentos intensos da devoção e do anelo e, finalmente, Ele se revela em forma e pode ser diretamente experimentado. Em outras palavras, a "forma-pensamento" se transforma em uma "forma-sentimento", a qual então se transforma na experiência real. Isto descreve o segundo estágio no caminho. Não somente você obtém a visão pessoal do Senhor, a quem você aspirou ver, mas você também tem a chance de conversar com Ele diretamente.

Assim, após ter visto o Senhor e falado com Ele diretamente, você obtém um pouco mais de satisfação. Mas, se você for um verdadeiro devoto, mesmo esta oportunidade de ouro não irá lhe proporcionar a alegria completa que você almeja. Agora, você quer alcançar a Deus e se fundir com Ele. Você pensa: " eu O ouvi, eu O percebi... agora, eu devo alcançá-Lo e ser um com Ele." No primeiro estágio, quando por ler e escutar você vem a saber que Deus existe, você sente que Deus e você estão separados. Este é o estado do dualismo. Mas, no segundo estágio, você vê o Senhor e tem a sensação de que você é parte dEle. Este é o estado do não-dualismo qualificado. Finalmente, você segue para o sentimento: 'o Senhor e eu somos um e o mesmo'. Este é o estágio do não-dualismo completo. Aqui você pensa: ' Tampouco eu devo me fundir com Ele ou Ele deve se tornar um comigo.' Neste caso, há uma completa unidade.

Tornando-se Um com o Senhor

No momento em que há um rio isolado, distante do oceano que é a sua fonte e o seu objetivo, então o rio conservará um nome distinto e possuirá uma identidade individual. Mas, uma vez que o rio se funde ao oceano, ele adquiri o sabor do oceano, adquiri a forma do oceano, recebe o nome do oceano. Se você desejar se tornar um com o Senhor, você deve adquirir os sentimentos do Senhor, você deve adquirir a forma do Senhor e você deve adquirir todas as características sagradas do Senhor. Somente então você se tornará um com Ele.

Você tem de sentir que todos os atributos do Senhor devem se manifestar em você. Afirme a si mesmo: "A amplidão mental do Senhor está dentro de mim. Todos os sentimentos abnegados do Senhor estão dentro de mim. O amor ilimitado do Senhor está dentro de mim." Ao viver fielmente esta convicção, então você finalmente atinge a realização de que você e Ele são um. Neste caso, há uma unidade perfeita.

Você deve lutar continuamente por este sentimento de unidade. Você deve fazer todo esforço para obtê-lo. Em seguida, você alcançará essa realização um dia. Este é o objetivo supremo da vida humana. Somente ao alcançar esse lugar, o lugar do qual você originalmente veio, a verdadeira realização será sua.

Os Três Estágios na Vida Mundana

Mesmo em sua vida mundana, você pode reconhecer estes estágios progressivos necessários para alcançar um objetivo. Considere o exemplo seguinte. Suponha que algumas mangas chegaram ao mercado local e que mangas são frutas que você ama imensamente. Pode haver um tipo específico de manga que você especialmente aprecia e que é o seu predileto. Agora, um amigo vem a você e informa que estão vendendo este tipo de manga de que você tanto gosta. Ao ouvir isto, você obtém uma certa quantidade de satisfação; você está feliz apenas em pensar nestas mangas, embora você não as tenha adquirido e saboreado.

No momento em que sabe da notícia, você se apressa ao mercado para descobrir onde aquelas mangas estão e se ainda há alguma disponível. Sim, elas estão lá. Agora, você as examina. Isto lhe dá ainda mais satisfação. Mas, mesmo então, você ainda não está completamente feliz. Assim, você põe algumas mangas bem escolhidas em seu saco e paga por elas. Então, até que você chegue a sua casa, você vai pensando sobre aquelas frutas, refletindo sobre a sua boa sorte de encontrá-las tão boas e ansiando por comê-las. Por que você passa tanto tempo pensando sobre elas? Por ter uma predileção extraordinária por estas frutas, e suas ações de ir atrás e obtê-las são as provas deste forte amor por elas.

Você pode obter muita alegria quando um sentimento que esteve experimentando intensamente em seu interior assume uma forma que você pode ver externamente. Na verdade, o que quer que você veja fora de você é sempre apenas um reflexo de seus pensamentos internos. Ao ter um desejo suficientemente forte, você manifestará externamente o que deseja tão intensamente no interior. Seu desejo pelas mangas o conduziu ao mercado. Agora, você as comprou e as trouxe para casa. Você as lava bem e descasca. Então, você começa a comê-las com grande apetite e expectativa. Conforme as consome, você aprecia com alegria o néctar do suco destas frutas adoráveis. Logo, o suco é não mais algo fora de você, mas terá se tornado parte de você. Com isso, você obtém enorme alegria; você sente a felicidade completa.

Conhecendo, Vendo e Se Tornando Um com a Divindade

Qual é a razão de uma alegria tão grande? Vamos recapitular o processo. Primeiro, você veio a saber que o tipo de fruta que você adora estava disponível no mercado. Isto é conhecimento. Após ouvir sobre as frutas, você não desanimou; mas desenvolveu o intenso desejo obtê-las e degustá-las. Você foi ao mercado com desejo intenso, ansiando por ver as frutas lá. Finalmente, você encontrou e examinou bem aquelas frutas. Este é o estágio de ver. Após ver a fruta, você a adquiriu e a consumiu. Este é o estágio de penetrar e se tornar um com o objeto de seu desejo.

Você tem tais sentimentos intensos por Deus? Este é um desejo que você realmente deveria desenvolver. Após ouvir muitos discursos, após ter lido muitas escrituras, após ter sabido que Deus existe e, em seguida, ter despendido muito tempo O adorando, você terá que desenvolver um anseio forte por vê-Lo; caso contrário, todos seus esforços terão sido em vão. Você deve se esforçar fervorosamente, fazendo o maior esforço possível para obter uma visão direta do Senhor.

Um estudante, após ingressar em uma determinada série e passar o ano estudando os assuntos daquele nível, não obterá satisfação alguma ao permanecer nesta série no ano seguinte. Ele desejará progredir a uma série mais elevada. Se um estudante permanece na mesma série por dois anos, ele desenvolve um sentimento de desespero e desânimo. Ele não apenas fica desanimado, mas também é ridicularizado por seus colegas estudantes. Da mesma maneira, você será o mais inferior aos olhos de outros devotos se permanecer continuamente nos primeiros estágios da adoração dualística, sem avançar em seu desenvolvimento espiritual. Outros devotos dirão: "Olhe para esta pessoa. Ela tem comparecido a muitos discursos por um longo período de tempo e leu todas as grandes escrituras, mas qual a utilidade de tudo isso? Parece não haver progresso algum nela."

Este processo infeliz de ficar parado no primeiro estágio é o aspecto característico da qualidade indolente da inércia e da preguiça. Você deve remover esta qualidade e ir do estado dual ao próximo estado de interiorizar o Senhor. Neste estado, através da contínua contemplação da Divindade interna, você tenta obter uma visão direta de Deus na forma particular que você escolheu. Com desejo intenso, você obterá a cobiçada chance de ver o Senhor, conversar com Ele e servi-Lo.

Alcançando a Paz Permanente do Ser Imortal

Mas, mesmo então, você não deveria ficar satisfeito. Você deveria lutar para alcançar o último e o mais elevado estado. Não deveria haver qualquer descanso, qualquer paz mental ou contentamento até que você alcance o estado da fusão completa com Deus e a realização da unidade do Senhor. Nos dias de hoje, vocês estão aspirando somente a obter descanso para seu corpo e tentando obter um pouco de paz mental. Mas isto não é bom. Você deve alcançar a paz permanente do atma. Este é seu ser verdadeiro, o ser imortal, o ser uno universal. Quando você se reúne a Ele, você se torna a própria paz. Seu ser individual deve se fundir com o ser universal. Assim, a longa jornada é completada e a bem-aventurança permanente é realizada.

Um rio nasce do oceano e morre no oceano. Mas como o rio se originou? Inicialmente, parte da água do oceano se transformou em nuvens. Uma vez que a água do oceano se transforma em nuvens, há separação e dualidade. As nuvens e o oceano estão apartados. A água do oceano é salgada. Depois de se transformar em uma nuvem, esta se torna doce. Mas, agora, a água que se transformou em uma nuvem vem em forma de chuva. Você pode dizer que é uma chuva de amor, pois esta água da chuva se transforma em um rio e, com grande entusiasmo, corre para se reunir ao oceano. Isto pode ser comparado ao estado onde uma grande angústia e aspiração se desenvolvem para estar mais próximo e mais próximo ao objetivo final.

Nesse estado, você anseia, de todo coração, alcançar a terra natal da qual se separou. No caso da água na forma de um rio, esta é impelida a se fundir novamente com o oceano de onde veio. Somente então, a aguá terá alcançado o seu objetivo. Assim é o estado não-dualístico puro de se fundir completamente com a origem.

Você nasceu como um ser humano e viveu parte de sua vida como ser humano comum. Mas você escolheu trilhar o caminho da vida espiritual. Você se encontra buscando a companhia de pessoas de mente espiritualizada. Você se encontra ouvindo as histórias das grandes escrituras que descrevem as características sagradas do Senhor. Mas, agora, você percebe que isto não é o bastante. Você anseia ter uma visão direta do Senhor. Mesmo então, você não fica satisfeito apenas com isto. Por apenas ter tido a oportunidade de ver e conversar com o Senhor, você ainda não percebe que sua felicidade permanece. Mas, ao se fundir e se unir completamente a Ele, então, você obtém o preenchimento completo que esteve buscando. Então, você é um com a paz e alegria intermináveis que é o Senhor. Este foi o ensinamento que Krishna deu a Arjuna no campo de batalha.

Os Sagrados nomes de Arjuna

Na Gita, Krishna usou vários nomes para se dirigir a Arjuna. Mesmo na vida mundana, muitos títulos e nomes podem ser conferidos às pessoas. Na Gita, foi a encarnação da divindade, o Senhor Krishna, quem conferiu os diferentes nomes a Arjuna. Krishna disse a Arjuna: "Ó Arjuna, você não é uma criança da mortalidade. Você é a própria divindade. Você é o filho da imortalidade." Em sua vida, Arjuna encontrou-se em várias circunstâncias difíceis das quais ele se saiu heroicamente. Como conseqüência, ele recebeu vários títulos. Para obter seu arco, que era uma arma sagrada, ele executou severas penitências e enfrentou muitos problemas difíceis. Mas, do começo ao fim, ele persistiu com muita fé, coragem e convicção.

Sua determinação em face a todos os obstáculos foi recompensada, enfim, obtendo a graça do Senhor Shiva e ganhando o arco diretamente dEle. No processo de obtenção desta arma celestial, até mesmo os elementos da natureza foram contra ele; mas nada poderia detê-lo de sua firme resolução e propósito. Por ter sido capaz de ganhar aquele arco, o Senhor conferiu a ele o título de Vencedor do Arco.

De um ponto de vista mundano, Arjuna poderia também ser considerado como alguém que era vitorioso em obter riqueza. Há uma história para isto. O mais velho dos irmãos Pandava, Dharmaraja, que era o rei, decidiu empreender um grande sacrifício cerimonial executado somente por reis que, de fato, reinavam. Nessa época, os Pandavas eram rivais dos perversos Kauravas. O fundo monetário dos Pandavas estava completamente vazio. Eles não tinham qualquer dinheiro disponível. Em face a tais obstáculos, seria quase impossível prosseguir com uma cerimônia tão grandiosa. Ainda assim, Dharmaraja insistiu em ir adiante com o sacrifício cerimonial. Ele disse a Arjuna: "Irmão, esta ocasião irá requerer uma despesa muito grande de fundos. Nós necessitaremos de muita riqueza. Como conseguiremos este dinheiro?" Arjuna respondeu: "Dharmaraja, por que se preocupar com dinheiro quando nós temos conosco a árvore dos desejos na forma de Krishna? Por que devemos estar temerosos? Uma vez que Krishna nos abençoe, poderemos conseguir qualquer quantidade de dinheiro."

Arjuna foi aos diversos reis que governavam as áreas circunvizinhas para informá-los do desejo de Dharmaraja em presidir o grande sacrifício. Assim que estes reis souberam que Dharmaraja estava planejando executar a cerimônia, ofereceram patrocinar Dharmaraja com seus próprios recursos; e, dessa maneira, Arjuna trouxe de volta riqueza em quantidade tão grande que foram necessárias dúzias de elefantes para carregá-la. Havia grandes quantidades de ouro, prata e jóias. Krishna, que havia induzido tudo isto, veio e agiu como se não soubesse de nada. Ele perguntou a Dharmaraja: "Onde você conseguiu tanta riqueza? De onde veio tudo isso?" Dharmaraja, por ignorância e orgulho fraternal, respondeu: "É devido a meu irmão Arjuna que eu obtive tudo isto."

Desse dia em diante, Krishna dirigiu-se a Arjuna como o Conquistador de Riquezas; ocultando assim seu próprio papel e anunciando ao mundo que era Arjuna quem era capaz de juntar tanta riqueza. Havia muitos outros nomes dados a Arjuna, tal como Filho da Terra. Estes nomes não foram planejados apenas para Arjuna. Ao ouvir estes vários nomes, você pode começar a atribui-los a você mesmo; cada um encerra um significado profundo e mostra como o Senhor derrama Sua graça sobre Seus devotos. Faça destes nomes parte de você; viva-os de maneira completa, lutando por compreender seu significado profundo e colocando-os em prática na sua vida diária.

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