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sábado, 15 de janeiro de 2011

O livro do Caminho - 11º Capítulo: Verdadeira renúncia: focalize Deus, não o mundo

 

Se você deseja chegar ao Senhor e ter uma visão dele, a qualidade mais importante que você precisa desenvolver é o desapego. O desapego o dota com a capacidade de interiorizar a sua visão. O desapego lhe permite voltar a mente para o interior e habitar em sua beleza interna.

Encarnações do Amor,

Uma vez reconhecendo os defeitos e as fragilidades dos objetos do mundo, você logo perde o desejo de possui-los. A mente é muito forte e instável. É também muito obstinada. A mente está sempre determinada a seguir seu trajeto. Arjuna orou a Krishna por ajuda a fim de controlar a sua mente. Ele lamentou: "Ó Senhor, a mente é muito poderosa e inconstante." Krishna respondeu: "Arjuna, se praticasse o desapego, você certamente seria capaz de controlar a sua mente."

O Controle da Mente

A mente pode ser comparada ao álamo. As folhas do álamo estão sempre balançando, haja vento ou não. Do mesmo modo, a mente é sempre inconstante e oscilante. Além da sua qualidade oscilante, a mente também é forte e inflexível. Tome por exemplo um elefante, que é muito forte e pode ser bastante cruel também. Entretanto, com a ajuda de uma aguilhoada, você pode controlá-lo. Do mesmo modo, um cavalo raramente está quieto. Este animal está sempre movendo seus membros, suas orelhas, sua cabeça ou sua cauda. Sendo inconstante, ele irá num trajeto e depois noutro. Mas, com um freio, ele pode ser controlado e conduzido na direção que o cavaleiro desejar.

Um outro exemplo é o macaco, que perambula aqui e acolá; o próprio retrato da oscilação e da inconstância. Mas, com treinamento, ele também pode ser controlado. Por essa razão, assim como, com uma aguilhoada, você pode controlar um elefante que pode ser muito cruel e forte; assim como, com um freio, você pode controlar um cavalo que é nervoso e instável; assim como, com treinamento, mesmo um macaco pode ser controlado; da mesma maneira, a mente, que também é forte e instável, pode ser controlada pelo desapego e pela prática constante.

O Desapego

Verdadeiro desapego significa perceber a natureza temporária dos objetos e não permitir que a sua mente se apegue a estas coisas transitórias. Isto não significa que você, necessariamente, sente aversão ou ódio por estas coisas. Significa que você não sente apego mental. Desistir totalmente de todos os objetos do mundo fenomenal não é possível. Entretanto, você pode desistir do "meu", do seu sentimento de posse. Uma vez que você desiste disso, então você pode ir adiante e apreciar os vários objetos do mundo. Estes não lhe causarão qualquer dano.

No mundo fenomenal, cada coisa, cada pessoa e cada objeto passam por mudanças. O mundo consta de seis tipos de mudança: nascimento, crescimento, maturidade, declínio, degeneração e morte. Estas são as mudanças a que todos os objetos são submetidos. Iludir-se pensando que este mundo transitório e impermanente é permanente e apegar-se aos objetos deste é, de fato, muita insensatez.

No templo de Vishnu, você verá estátuas e figuras de Garuda, a águia. Do mesmo modo, no templo de Shiva, você encontrará estátuas e figuras de Nandi, o touro. E, no templo de Rama, você verá uma figura de Hanuman, o macaco. Em todas estas pinturas, a concentração de cada um destes seres: Nandi, Garuda e Hanuman, está nos pés do Senhor; eles vêem somente o Senhor, não o mundo. Todos eles demonstram o tipo correto de apego. O apego deles é ao Senhor, que é permanente. E o desapego deles pertence ao mundo, que é transitório. O significado de todas estas representações simbólicas é que você não deve se importar muito com o que é transitório, mas sempre se concentrar e residir na entidade permanente, que é o próprio Senhor.

Uma vez que você reconhece os defeitos dos objetos, a transitoriedade e impermanência dos mesmos; em seguida, gradualmente, você perderá o desejo possui-los. Há várias estórias que mostram como imperadores que tinham muita riqueza a sua disposição, e possuíam todos os luxos e propriedades com os quais poderiam sonhar, não obtiveram muita felicidade ou paz mental com isso. A fim de obter paz mental, eles iriam à floresta e executariam penitências. Desta prática, eles obtiveram, finalmente, a satisfação e o comforto interno a que aspiravam.

Faça o Melhor Uso de Cada Objeto

O desapego envolve mais do que apenas reconhecer os defeitos e as fraquezas dos objetos, os quais resultam de sua natureza transitória. O desapego também envolve a qualidade positiva de tirar o melhor dos objetos do mundo. Você deve sempre lutar para fazer o melhor uso de um objeto e apreciá-lo pelo que este é. Não é o caso de se apoiar apenas na limitação e no pesar que os objetos do mundo produzem, mas você deve saber usar apropriadamente estes objetos e cumprir seu dever no mundo. Então, você obterá alguma satisfação. No sentido mais amplo, o verdadeiro desapego é realmente desistir do pesar mundano e obter a alegria do ser supremo. Deixar a família, esposa, crianças e propriedades e, em seguida, ir à floresta não pode ser chamado de desapego. O desapego é reconhecer os aspectos frágeis na natureza dos objetos e também aceitar seus pontos positivos e fortes.

Sempre que estiver em dificuldade, seja física, mental, financeira ou qualquer outro tipo de problema; você pode desenvolver um sentimento de desapego em relação aos objetos que lhe causam este estado. Isto é muito natural. Por exemplo, suponha que uma pessoa morra e seu corpo seja levado ao campo de cremação onde é cremado. Ao ver tal situação, você desenvolve um tipo particular de desapego filosofando que o corpo deve ter um fim uma hora ou outra. Mas, este desapego é apenas um fenômeno temporário, um sentimento temporário, que não pode ser considerado verdadeiro desapego.

Um outro exemplo é quando uma mãe está tendo seu primeiro bebê. Sem poder suportar a dor, ela grita que preferia morrer. Este também não é o verdadeiro desapego. Assim que o bebê nasce, suponha que tenha uma menina; ela logo deseja ter um menino na próxima vez. Uma situação semelhante se desenvolve quando alguém não tem seus desejos satisfeitos. Neste caso, também se desenvolve um certo tipo de desapego. Todas estas atitudes são temporárias. O desapego permanente é algo totalmente diferente.

O desapego permanente é um desapego intenso, ao contrário do desapego frouxo ou fraco. Por exemplo, uma pessoa pode ter resolvido ir, numa peregrinação, a um dos lugares sagrados da Índia; mas, depois, pode haver uma forte tendência para adiá-la para o próximo mês. Se é o caso de realizar algo bom, como ir a uma peregrinação, a pessoa tenderá a adiar. Por outro lado, se é o caso de realizar algo ruim, a pessoa prefere fazê-lo na hora, sem perder tempo. As pessoas geralmente não farão grandes esforços para executar boas ações. Isto pode ser visto como um tipo fraco de desapego, o qual tende a adiar a implementação de boas decisões e a execução de boas ações. Entretanto, tal comportamento não irá ajudá-lo a alcançar o seu objetivo espiritual. É o desapego intenso que é essencial ao progresso no caminho espiritual.

Harischandra e Buddha

Se decidir que determinada atividade é boa e sagrada, você não deve adiá-la. Você deve executá-la imediatamente e cuidar para que esta boa ação seja realizada com sucesso. Este foi o caminho régio delineado para todos pelo Buddha. Gautama Buddha, tendo percebido que o corpo era impermanente, que nenhuma das coisas do mundo iria durar, resolveu buscar e descobrir a verdade imutável. Ele deixou sua família e seu reino e entrou na floresta para perceber a realidade suprema.

Houve um outro grande governante que tinha um intenso senso de sacrifício e sentimento de desapego. Seu nome era Harischandra. Embora fosse um imperador, por meio de uma série de circunstâncias infelizes, ele perdeu tudo que tinha no mundo – seu reino, sua esposa e família – e passou seus dias como vigilante de um campo de cremação.

Um dia, quando Harischandra começou a executar seus primeiros deveres no campo de cremação, o cadáver de um homem rico foi levado até lá por um grande número amigos. Eles trouxeram o corpo, puseram fogo e voltaram imediatamente para suas casas. Geralmente, quando um corpo é queimado, um pouco de peso é posto sobre este. Caso contrário, tão logo surja o calor, o corpo se dobra como se estivesse levantando e então se abaixa novamente. Apenas Harischandra ficou no crematório nesse dia. Nenhum amigo ou parente do homem morto ficou para ver o corpo. Harischandra foi buscar um pouco mais de combustível para pôr no fogo. De repente, ele viu o corpo se levantar. Ele ficou surpreso e se aproximou para olhar mais de perto.

Tão logo Harischandra se aproximou da pira funerária, ele observou que o corpo tinha, por si mesmo, retornado a posição inclinada. Por um instante, ele pensou que o corpo ainda estava vivo, como se tivesse sentado para procurar seus parentes e amigos; mas então ele percebeu que todo o episódio era apenas a ilusão momentânea de um cadáver que parece estar vivo causada pelo calor do fogo. Harischandra pensou consigo: "Do mesmo modo como, por equívoco, pensei que este cadáver estivesse vivo; penso que este mundo é real. Mas este é irreal e proporciona apenas uma ilusão da realidade."

Harischandra lamentou que um homem tão rico, cujo cadáver foi levado até lá, não teve parentes ou amigos que permanecessem com o seu corpo até o fim. Ele pensou: quaisquer que sejam a posição e as riquezas de uma pessoa, nem mesmo a sua esposa ou os filhos reterão qualquer apego a ele após sua morte. Em conseqüência desta experiência, Harischandra desenvolveu um intenso desapego pelos objetos e formas do mundo.

Apegos Mundanos são como Veneno

Todo dia, a qualquer hora, haverá mudanças ocorrendo em todos os objetos da criação. Estas mudanças não são artificiais, não são imaginárias; são naturais e inerentes à própria natureza dos objetos. Uma vez reconhecendo que o mundo é basicamente um palco para a contínua e natural ocorrência de mudanças, e que a mudança é inerente à própria natureza dos objetos do mundo; então você ficará livre do sofrimento. Qualquer um que compreenda que há uma toxina letal contida nas presas de uma cobra venenosa não chegará perto desta por acaso. Caso você visse um escorpião se aproximando com sua cauda venenosa levantada, pronto para picar, você não iria se afastar? Somente uma criança pequena, inocente, ou uma pessoa totalmente ignorante chegaria perto, seria picado e morreria.

Você faz todo esforço para evitar uma criatura venenosa por saber de sua natureza prejudicial. Da mesma maneira, você faria todo esforço para evitar apegos mundanos caso conhecesse a natureza prejudicial destes. O Senhor ensinou na Gita que, ao invés de passar por todos os sofrimentos que ocorrem com o desenvolvimento de apegos e depois ficar desiludido quando as mudanças inevitáveis começam a acontecer, seria muito melhor, desde o começo, permanecer desapegado das coisas e objetos do mundo. No entanto, agora, você planeja muitas coisas e se apega a tantas outras a fim de obter algumas alegrias a curto prazo. Você se exaure pensando e planejando: "Eu devo fazer isto, eu devo fazer aquilo" ou "Eu devo fazer isto ao invés daquilo" e se envolve em projetos e atividades incontáveis. Contudo, você terá que sofrer as conseqüências de todas estas ações no futuro.

As sementes que você plantou por meio de suas ações irão amadurecer e você colherá a safra dessas sementes. Se a semente é de um tipo, você não pode esperar receber o resultado correspondente a um tipo diferente. Quaisquer atos em que você tenha se engajado, os frutos correspondentes serão dados a você na forma de uma guirlanda invisível que se encontra pendurada em seu pescoço. Quando você nasce do ventre de sua mãe, nenhuma guirlanda pode ser vista. Nenhuma guirlanda de pérolas nem de pedras preciosas, nenhum colar de ouro será visível ao redor de seu pescoço. Não obstante, há certamente uma guirlanda lá. Essa guirlanda é composta das conseqüências de suas ações passadas que você executou em seus nascimentos anteriores. Apesar de não ser vista pelos olhos físicos, essa guirlanda dada a você pelo Criador irá adornar seu pescoço.

A pessoa que reconhece a verdade de que para cada ação haverá uma conseqüência resultante acolherá somente boas atividades e passará a vida se engajando apenas em ações que irão lhe render bons resultados. Isto foi ensinado pela Gita como um exercício espiritual de particular importância para os devotos. Este conduz, finalmente, ao desenvolvimento da indiferença e ao desapego às coisas do mundo; e resulta na aquisição da verdadeira sabedoria. Eis aqui um exemplo que ilustra esta natureza ilusória do mundo e o desapego que você deve ter por este.

O Sonho do Rei Janaka

O rei Janaka tinha adquirido extraordinária proficiência no conhecimento de Deus. Ele era chamado "o rei destituído de corpo". Em outras palavras, ele foi capaz de transcender a consciência do corpo. Uma certa noite, após o jantar, ele estava discutindo determinados problemas administrativos com seus ministros. Ele retornou a seu quarto de dormir um pouco mais tarde. Uma refeição tinha sido servida, mas ele nem a tocou. Relaxou num sofá enquanto a rainha fazia uma massagem em seus pés. Logo, o rei adormeceu. A rainha pediu que os vários auxiliares presentes deixassem o quarto e certificou-se de que o rei, que estava extremamente cansado, não seria perturbado em seu sono. Ela o cobriu com um cobertor e diminuiu a luminosidade, permanecendo quieta a seu lado.

Pouco depois, o rei Janaka abriu seus olhos repentinamente; sentou; olhou ao redor não crendo em seu ambiente; e, da maneira mais peculiar, começou a perguntar: "Isto é real ou aquilo é real? Isto é a verdade ou aquilo é a verdade?"

A rainha ficou um pouco assustada com aquele olhar espantado e com a estranha pergunta. Ela tentou descobrir o que ele estava perguntando exatamente, mas ele não explicaria nem responderia a qualquer de suas perguntas. Ele apenas ia dizendo: "Isto é a verdade ou aquilo é a verdade?" Ela chamou os ministros, conselheiros e outros oficiais importantes. Todos se reuniram e começaram a questionar o rei: "Maharaja, qual é a sua dúvida? O que exatamente o senhor está perguntando?" Mas o "Maharaja" não lhes responderia. Finalmente, os ministros trouxeram o grande sábio Vashishta à corte. Vashishta perguntou ao rei: "O que o senhor está perguntando? O que o incomoda?" O rei estava respondendo a todas as perguntas com a mesma indagação: "Isto é a verdade ou aquilo é a verdade? Esta é a realidade ou aquela é a realidade?"

O sábio Vashishta, sendo onisciente, fechou seus olhos e meditou por um momento para descobrir a causa do comportamento estranho do rei. Vashishta realizou que o rei tinha despertado repentinamente de um sonho vívido no qual ele tinha tido seu reino confiscado e vagueava perdido, sozinho e desesperado numa floresta. Ele estava com muita fome e também muito cansado e desconsolado. Enquanto vagueava pela floresta, ele ia gritando: "Eu estou com fome, eu estou com fome!" Acontece que havia alguns ladrões nessa floresta. Esses ladrões estavam sentando numa clareira nas redondezas para fazer uma refeição, comendo em pratos feitos de folhas. Por compaixão, os ladrões se apresentaram e convidaram Janaka para se juntar a eles, oferecendo-lhe parte da refeição.

Logo nesse momento, um tigre caiu sobre eles e todos correram para salvar suas vidas. O tigre serviu-se de todo o alimento. Outra vez, Janaka se encontrava cambaleando pela floresta gritando: "Ó, eu estou com fome. Eu estou com muita fome." Quando ele acordou, descobriu que estava num palácio, num sofá real ao lado rainha, com uma bandeja de prata cheia de alimentos requintados e iguarias finas que se encontrava sobre uma mesa próxima. E ele começou a perguntar se ele estava morrendo de fome, desgraçadamente desamparado, implorando alimento de ladrões numa floresta pavorosa; ou, se ele era um rei vivendo num palácio suntuoso cercado de todo o luxo possível. "Isto é verdade ou aquilo é verdade? Isto é real ou aquilo é real?"

Maharishi Vashishta reconheceu imediatamente a confusão do rei e disse: "Rei Janaka, nem o pedinte nem o imperador são reais. Só você é real. Você, você mesmo, é a verdade. O "você" que estava presente como consciência pura no estado de sonho fazendo o papel de pedinte e que está no atual estado de vigília fazendo o papel de rei, este "você" que testemunhou ambos os estados é a sua verdadeira realidade. A vida durante o dia é um sonho diurno; durante a noite, um sonho noturno. Ambos são ilusões. São cheios de defeitos e imperfeições porque mudam constantemente de uma coisa a outra; assim, não podem ser reais. Somente você que permanece imutável em todos estes estados é real, livre de qualquer mudança e ilusão."

Isto também foi enfatizado na Gita, onde Krishna indicou a importante verdade de que o mundo está constantemente mudando e que apenas o atma é real e eternamente imutável.

A Angústia da Separação de Deus

Desapego não significa deixar tudo para trás para ir à floresta e adotar a vida de um renunciante. Penitência não se refere a determinadas posturas ou privações corporais. Penitência se refere a intensa angústia que você experimenta quando se sente separado de Deus. Sempre que essa angústia da separação estiver com você, onde quer que você possa estar; então, você estará engajado em penitência. Todas as experiências mundanas são governadas pelas combinações dos três atributos – inércia ou caos, ação ou reação, e harmonia ou calma. A angústia da penitência com essa intensa aspiração para alcançar Deus leva você a um estado de existência que transcende estas três qualidades mundanas. Nessa hora, você experimentará uma profunda serenidade interior e unidade entre pensamento, palavra e ação.

Pensamento, palavra e ação são as causas do karma. São os chamados instrumentos da ação. É a união destes três instrumentos da ação que pode ser descrita como penitência. Quando essa união é completa, então segue-se um inefável júbilo que é a própria bem-aventurança do atma. Assim, a verdadeira penitência é o ponto em que os três instrumentos da ação se fundem num só e você experimenta o eterno deleite de seu ser imortal.

Considere o seguinte exemplo. Todos os dias, você desfruta os benefícios da eletricidade. Em seu quarto, você pode ter um ventilador elétrico. Há três pás unidas ao motor do ventilador. Se estas girassem em três direções diferentes, você não teria a brisa. Mas, quando giram em conjunto, como se houvesse uma única pá girando; então você pode aproveitar um bom fluxo de ar do ventilador. Assim, o proveito da brisa fresca surge somente quando todas as três pás estão trabalhando juntas e giram como uma. Exatamente da mesma maneira, quando os três instrumentos da atividade – pensamento, palavra e ação – se fundem e funcionam como um; você pode desfrutar verdadeira bem-aventurança.

Nesta ilustração, seu coração pode ser comparado ao quarto que contém o ventilador. Os três instrumentos da atividade podem ser comparados às três pás do ventilador. O seu intelecto pode ser imaginado como sendo o interruptor elétrico. Seu poder espiritual, a energia que emana do ser supremo, pode ser imaginada como sendo a eletricidade que energiza o ventilador. Sua prática espiritual é o processo de aclarar o seu intelecto e, desse modo, ligar o interruptor. Quando os três instrumentos da atividade trabalham juntos, em harmonia, assim como as três pás do ventilador giram juntas; então toda a sua angústia se transforma em bem-aventurança. Desta maneira, você pode converter a sua força vital e todo o seu poder espiritual em bem-aventurança.

A Verdadeira Renúncia é Dirigir sua Mente para Deus

A humanidade se esqueceu da habilidade de executar penitência. Quando você deixa sua visão vagar pelo mundo temporário e transitório, seu caminho espiritual se move numa espiral descendente rumo à inércia e à estagnação. Ao concentrar sua visão e sua percepção no Deus permanente, então você está praticando penitência e seu progresso espiritual salta adiante. Se uma porta está trancada e você deseja abri-la, você deve pôr a chave dentro da fechadura e girá-la para a direita. Assim, está irá abrir. Mas se você girar a chave para a esquerda, a fechadura permanecerá trancada. Trata-se da mesma fechadura e da mesma chave. A diferença está na forma como você gira a chave. Seu coração é essa fechadura e sua mente, a chave. Se girar sua mente para Deus, você obtém a liberação. Se girá-la para o mundo objetivo, você permanece na escravidão. É a mesma mente que é responsável por ambas, a liberação e a escravidão.

A verdadeira renúncia é dirigir a sua mente para Deus. Isso significa trazer constantemente a sua mente de outros pensamentos para residir na entidade permanente. Tal desapego mental e sacrifício devem se tornar um sentimento muito intenso. Você não deve ficar adiando a prática para o próximo dia e, depois, para o dia seguinte, e assim por diante.

Suponha que você aguarda para ir a um casamento. Você manteria determinada roupa pronta vários dias antes da ocasião. Ou, suponha que você teve uma chance ir ao cinema; nesse instante, você se arrumará rapidamente. Até mesmo para ir a uma simples caminhada, você se apronta num instante. Bem, se não pode ir ao cinema hoje, você pode facilmente adiar para um outro dia. Se não for a uma caminhada agora, você sempre poderá ir uma outra hora. Mas a jornada do Senhor não pode ser adiada ou cancelada. Você deve estar sempre pronto para aceitar o que quer que surja em seu caminho. O tempo não espera quem quer que seja. O tempo não acompanha o homem. O homem tem que acompanhar o tempo. O tempo flui continuamente e leva tudo com ele.

A Gita ensina que você pode apreciar os vários objetos do mundo; mas, enquanto os aprecia, você não deve se apegar a estes pensando que os possui. Este sentimento de renúncia ou desapego é um dos aspectos essenciais da filosofia espiritual proposta na Gita.

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