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segunda-feira, 2 de março de 2009

Espiritismo

Espiritismo é a crença segundo a qual a essência humana é baseada na existência de um espírito imortal, que pode estar entre os vivos ou não, admitindo vidas sucessivas (reencarnação) ou não e a comunicação entre os vivos e os mortos, geralmente pelo intermédio de um médium. A expressão também designa a doutrina e práticas das pessoas que partilham esta crença.

Acepção do termo "espiritismo"

O termo espiritismo (do francês antigo "spiritisme", onde "spirit": espírito + "isme": doutrina) surgiu como um neologismo, mais precisamente um "porte-manteau", criado pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, sob o pseudônimo de "Allan Kardec", para nomear especificamente o corpo de ideias por ele sistematizadas inicialmente em "O Livro dos Espíritos" (1857).

Contudo, a utilização do termo, cuja raiz é comum a diversas nações ocidentais de origem latina ou anglo-saxónica, fez com que ele fosse rapidamente incorporado ao uso quotidiano para designar tudo o que dizia respeito à comunicação com os espíritos. Assim, por espiritismo, entende-se hoje as várias doutrinas religiosas e/ou filosóficas que crêem na sobrevivência dos espíritos à morte dos corpos, e, principalmente, na possibilidade de se comunicar com eles, casual ou deliberadamente, via rituais ou naturalmente.

O presente artigo visa a tratar do espiritismo levando em consideração todos os diferentes usos do termo, enquanto que o artigo doutrina espírita está voltado para descrever o espiritismo conforme sistematizado por Kardec. Essa divisão entre espiritismo (geral) e doutrina espírita (específico) é meramente didática, não implicando apologia a nenhum dos dois usos.

Fundamentos gerais

O espiritismo, apesar das diversas variações, de um modo geral fundamenta-se nos seguintes pontos:

  • o homem é um espírito temporariamente ligado a um corpo (para Kardec esta ligação é feita através de uma conexão que denomina de perispírito, um envoltório semimaterial que é popularmente denominado "alma" ou "fantasma");
  • a alma, especificamente, é o espírito que encontra-se ligado, ou não, ao corpo (encarnado ou desencarnado);
  • o espírito, compreendido como individualidade inteligente da Criação, é imortal;
  • a reencarnação é o processo natural que permite vidas sucessivas (para Kardec com a função de permitir o aperfeiçoamento dos espíritos, ligado a uma "Lei de Causa e Efeito";
  • a Terra não é o único planeta com vida inteligente (pluralidade dos mundos habitados).

História

Os fenômenos mediúnicos são registrados em todas os lugares e épocas da História, desde a Antiguidade, sob diversas formas. Como exemplo refere-se:

  • a prática ancestral de culto aos antepassados, venerando-os ou rendendo-lhes homenagens por meio de diversos rituais;
  • na cultura judaico-cristã encontram-se registados no Antigo Testamento, nomeadamente a proibição de Moisés à prática da "consulta aos mortos" (evidência da crença judaica nessa possibilidade, uma vez que não se proíbe aquilo que não é praticado), e, no Novo Testamento, a comunicação de Jesus com Moisés e Elias no Monte Tabor (Mt, 17:1-9).
  • na cultura da Grécia Antiga, a crença em que as almas dos mortos habitavam o submundo e que era possível entrar em contacto com eles, cuja referência mais conhecida encontra-se na Odisséia. Ali Homero narra que Odisseu (Ulisses), rei de Ítaca realiza um ritual conforme indicações da feiticeira Circe, logrando conversar com as almas de sua mãe e dos seus companheiros, que haviam soçobrado durante a Guerra de Tróia. Em época posterior, registram-se os comentários de Platão sobre o "dáimon" ou gênio que acompanharia Sócrates.
  • os povos Celtas acreditavam que os espíritos regressavam ao mundo dos vivos em certas ocasiões ("Samhain"), crença essa que se encontra na origem das populares festas de "halloween".
  • na Idade Média, a persistência popular de crenças em superstições e amuletos para obter protecção.
  • na Idade Moderna, as narrativas sobre fantasmas e assombração de locais, ilustrada, por exemplo, pela peça de teatro Hamlet, em que o dramaturgo inglês William Shakespeare apresenta o fantasma do rei assassinado demandando vingança ao protagonista, seu filho.

Os xamãs dos povos "primitivos" da Ásia e Oceania, também afirmam ter o dom de comunicação com o além. Entre a população nativa americana, apenas o xamã (feiticeiro) tinha o poder de comunicar com os deuses e espíritos, fazendo a mediação entre eles e os mortais. A principal função do xamã era a de assegurar a ajuda do mundo dos espíritos, incluindo o Espírito Supremo, para benefício da comunidade. Tal como os xamãs, os curandeiros na América Latina, são capazes de aceder ao mundo dos espíritos. A actuação a este nível, envolve não só o uso de orações, mas também a consulta de guias espirituais ou espíritos superiores.

Actualmente é comum adotar-se a data de 31 de março de 1848, início do fenómeno das Irmãs Fox, como marco inicial das modernas manifestações mediúnicas, quando se inicia uma fase de manifestações mais ostensivas e freqüentes do que jamais ocorrera, particularmente nos Estados Unidos da América e na Europa, o que levou muitos pesquisadores a se debruçarem sobre tais fenômenos.

Entre esses pesquisadores destacou-se o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, que mais tarde, sob o pseudônimo de Allan Kardec, com base em uma série de relatos psicografados, publicou O Livro dos Espíritos.

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